
Antecedentes
Uma década antes, em 03 de junho de 1978, a região era um entreposto marcado pela busca do desenvolvimento e riquezas oriundas de grandes projetos na Amazônia, sobretudo da construção da hidrelétrica de Tucuruí, a produção de minério em Carajás, o garimpo de Serra Pelada, o corte ilegal da madeira e a abertura da PA-150, num ambiente marcado por conflitos sangrentos pela terra, daí a comparação da região com um país do sul asiático chamado Tailândia.
Pacificar
Assim, há 45 anos foi criada a Vila Agrícola de Tailândia do Acará, neste sentido, com o objetivo de pacificar a região, o então governador do Estado, Aloysio Chaves (1975-1978), determinou ao ITERPA a intervenção na gestão da terra, sob o comando do Tenente José Clarindo Pinheiro Nunes, o Tenente Pinheiro.
Insatisfação
Assim, com o tempo a insatisfação social na vila crescia com a ausência de saúde digna, educação de qualidade, segurança, em meados da década de 80, o sentimento de emancipação se fortalecia.
Prefeito e vereadores
Mesmo com Lei assinada pelo governador Hélio Gueiros, ainda faltava a eleição do prefeito e vereadores, o que aconteceu em 15 de novembro de 1988, sendo que a posse somente foi realizada em 1⁰ de janeiro de 1989, sendo o primeiro prefeito o senhor Francisco Nazareno. Assim, nasceu o município de Tailândia.
1. Aspectos geográficos
O município de Tailândia, a 210 km de Belém, é cortado pela PA-150, mais especificamente na microrregião de Tomé-Açu, limitando-se ao norte com o município de Acará, a leste com Tomé-Açu, ao sul com São Domingos do Capim e, ao oeste, com Moju, e possui uma área de 4.480,37 Km2, com uma população estimada, pelo IBGE, de 64.218 habitantes.
Além do distrito central (sede do município), Tailândia possui algumas vilas e povoados: as Vilas Nossa Senhora Aparecida, de Aui-Açu, Betânia, Bom Jesus, Porto de Balsa, Nossa Senhora de Nazaré, Nova Paz e comunidade de Bom Remédio, Olho D’água, Santana I e II, São Francisco, Betel, Nova Canaã, Cristo Rei, São Pedro, São João, Distrito Palmares, entre outras.
Seus principais acidentes geográficos são os rios Acará e Aui-Açu e localiza-se entre as coordenadas 02º 56′ 22” de latitude sul e 48º 57′ 03” de longitude oeste de Greenwich e os principais acessos à capital do Estado são a PA-150 e 475, passando pela Alça Viária até a BR-316.
2. Aspectos históricos
Na década de 70, a construção da PA-150, que corta o Estado do Pará de norte a sul foi um dos principais motivos que contribuíram com os conflitos pela terra entre fazendeiros – que buscavam incentivos fiscais junto à SUDAM, grileiros – pessoas que se apossavam da terra para fins especulativos e reserva de valor – e posseiros – trabalhadores rurais e pequenos proprietários que se estabeleceram na terra e acompanhavam a abertura da estrada.
Com a intensificação da violência, o então governador do Estado, Alacid Nunes, determinou ao Instituto de Terras do Pará (Iterpa) a intervenção na região. Em 03 de junho de 1978, com a chegada dos primeiros técnicos, a localidade sofreu a intervenção da PM, sob o comando do Tenente Pinheiro, iniciando-se assim o cadastramento dos colonos e a administração do projeto de colonização, demarcação de terras devolutas e distribuição de lotes entre os quilômetros 51 e 183 da PA-150, numa área de 158.400 ha.
Em julho de 1978, em uma das reuniões entre os interventores e a população, decidiu-se questões importantes para a cidade, como o padroeiro – que seria São Francisco de Assis e data de sua homenagem, dia 04 de outubro – e escolheu-se o nome da localidade proposto pelo então interventor, Tenente Pinheiro, que comparou os conflitos da cidade com os que ocorriam no país asiático Tailândia, que passava por uma guerra civil e de fronteiras.
Contudo, Tailândia, que fazia parte do município do Acará, só teve a sua emancipação político-administrativa em 10 de maio de 1988, através da Lei estadual de nº 5.452/88, sancionada pelo governador Hélio da Mota Gueiros, com esforço político de lideranças, como os deputados estaduais Wandenkolk Gonçalves, Pedro Marques, Ademir Andrade, João Batista, entre outros.
A emancipação serviu como um esforço de articulação do Governo do Estado para intermediar e criar o entendimento direto com os diversos órgãos das esferas administrativas federal e estadual para o desenvolvimento do município.
Eleições em Tailândia
A primeira eleição municipal ocorreu em 15 de novembro de 1988, com a eleição do primeiro prefeito e vice, respectivamente Francisco Nazareno Gonçalves de Souza e Francisco Cláudio Mercedes, e os primeiro vereadores: Antônio Marcelino de Lima, Francisco Almeida Barbosa, Manoel Cardoso de Almeida, Francisco Alves Pessoa, Manoel Evangelista dos Santos, Raimundo Wilson Urbano, Massao Osaki, Rangel Lopes da Silva e Maria Lucinete.
Em 1992 foi realizada e segunda eleição municipal, onde foi eleito Francisco Alves Vasconcelos (Baratão), em 1997. Na terceira eleição, volta à gestão municipal Francisco Nazareno Gonçalves; em outubro de 1999, com o slogan “Viva a Mudança”, é eleito prefeito, o então empresário do setor madeireiro, Paulo Liberte Jasper (Macarrão); em 2004, “Macarrão” foi reeleito.
Em 2008, realizou-se a sexta eleição em Tailândia, numa disputa acirrada para o cargo de prefeito, onde disputaram: Gilberto Miguel Sufredini (Gilbertinho), Valdinei Palhares, Melqui Gonçalves e João Paulo Alves Vasconcelos. Após a contagem dos votos, Gilbertinho foi eleito com 40,21% dos votos válidos, um total de 9.728 votos. Neste ano, a eleição contou com 80% da participação dos eleitores.
Gilbertinho tem mandato cassado
Gilbertinho teve o mandato cassado em decorrência de um processo movido desde 2008 por Valdinei Palhares, que assumiu a prefeitura de Tailândia, aos 14 de agosto de 2012.
Eleições de 2012
No pleito de 2012, candidataram-se à prefeitura: Higia Frota, Gilbertinho e Valdinei Palhares. Dez dias antes da eleição Gilbertinho que teve o mandato cassado ficando inelegível, escolhe como substituto Ney da Saúde, até então vereador e candidato à reeleição. O resultado da votação para muitos foi o mais esperado, para outros surpreendente: Ney da Saúde foi eleito prefeito com 17.524 votos (55,07%), em segundo lugar ficou Higia Frota, apoiada por Paulo Jasper (Macarrão), com 7.884 votos, (24,77%), Valdinei obteve 6.415 votos (20,16%).
3. Aspectos econômicos
Depois da criação da localidade de Tailândia, em julho de 1978, o isolamento da sede municipal do Acará, com a insuficiência de recursos financeiros, falta de assistência social, à educação e à saúde, a consciência de sua importância socioeconômica e a insatisfação social e política, o desejo de emancipação foi crescendo.
Com a emancipação, as principais fontes de arrecadação do município foram impostos sobre Venda a Varejo de Combustíveis (IVVC), taxas de alvarás de funcionamento e IPTU, deixando de arrecadar quotas do ICMS pela deficiência de fiscalização, inclusive de controle de saída de produtos, como a madeira e o gado, ou seja, o início de sua emancipação economicamente não foi muito fácil.
O setor primário foi o segmento que mais absorveu mão-de-obra. A pecuária e o extrativismo madeireiro se implantaram muito antes da colonização, através de projetos financiados pela lei de incentivos fiscais.
O rápido fator migratório, incentivada pelos proprietários de grandes áreas de terras e serrarias, que traziam mão-de-obra de outras localidades e Estados em grande leva, ajudou a dinamizar a economia baseada na pecuária e extração de madeira.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Planejamento do Pará (SEPLAN), somente em 1989, a agricultura ocupava mais de 3.000 postos serviços, para 500 empregadores e 30 autônomos, ganhando a perder de vista a pecuária, com 220 trabalhadores para 50 estabelecimentos. A outra parcela da economia estava distribuída no comércio varejista, serviços públicos e em atividades de profissionais liberais.
Assim, é notório compreender a estratificação da sociedade tailandense, onde a maior renda era concentrada nas mãos de proprietários de grandes áreas e empresários do setor madeireiro; a média renda, entre pequenos proprietários, profissionais liberais, comerciantes e funcionários públicos; e a menor renda, distribuída aos trabalhadores de serrarias, carvoarias e trabalhadores rurais.
Outro destaque importante para a economia da região se deve em grande parte ao Grupo Agropalma, na produção de dendê, e a agroindústria.
Operação Arco de Fogo

Embora, contribuindo com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 266.236,00 (IBGE/2007), até 2008 foi mesmo a madeira que dominava a economia municipal. No entanto, a ilegalidade do extrativismo madeireiro era constante, como o corte ilegal da floresta, contribuindo com a degradação da floresta Amazônica e o meio ambiente, utilização de documentação falsa e sonegação de impostos.
Então em março de 2008, o Governo Federal determinou a intervenção na região através da Operação “Arco de Fogo”, que autuou, multou, confiscou madeiras ilegalmente retiradas e destruiu carvoarias. Essa ação, sem um planejamento para mudança no modelo econômico da região, respeitando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,700 da população, considerado médio, o impacto dessa intervenção provocou desemprego em massa.

Mas em junho de 2009, num esforço de reverter as consequências da “Operação Arco de Fogo”, os governos Federal e Estadual, articulado junto com a prefeitura municipal, foi realizado o Mutirão “Arco Verde” com o objeto de regularização fundiária, abertura de crédito rural e construir uma consciência de defesa do meio ambiente.
Desafios
Atualmente, entre os muitos desafios do município e dos governos estadual e federal deve ser a legalização fundiária e o incentivo a projetos que continuem alavancando a economia, gerando desenvolvimento, emprego e renda, através de ações economicamente viáveis e sustentáveis do ponto de vista da preservação do meio ambiente, consolidando assim esse novo modelo econômico que vem sendo adotado nos últimos anos na região.
Fonte: Portal Tailândia
Foto: Elaine Santos
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